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terça-feira, 22 de abril de 2014

Entrevista para uma amiga blogueira (Kath Paloma)

Maternidade de coração e Diabetes Tipo I combinam muito bem, obrigada!

Luciana Costa Batista Durazzo, 47 anos e diabética tipo I desde os 11 anos. Sou usuária de bomba de insulina desde novembro/2013 e faço contagem de CHO. Me formei em fisioterapia, fiz pós graduação em ortopedia, traumatologia e reumatologia e  R.P.G, atualmente estou concluindo uma pós graduação em Educação em Diabetes,logo começarei a trabalhar em consultoria, orientação e educação.

Sou de origem árabe (libanesa) e com um histórico familiar muito grande em diabetes tipo 1 e 2. Tive uma irmã diabética tipo I, ela foi diagnosticada aos 18 anos e faleceu aos 31 com um infarto agudo, isso muito me entristeceu, mostrando-me a necessidade de me cuidar ainda mais. Apesar de minha história ter muitos altos e baixos, eu não tenho nenhuma sequela decorrente do mal controle glicêmico (exceto a catarata (tratada) precoce aos 38 anos). Meus exames são excepcionais, os níveis de colesterol e HDL são bons, pressão arterial é normal (100X60), exames renais como microalbumina ,exame de fundo de olho, dermatologia e podologia estão em dia e ótimos.

Meu marido me acompanhou em todas as decisões e pelo caminho da “maternidade de coração” em cada momento difícil e feliz. Ele vestiu a diabetes tão logo começou a namorar comigo, só comia o que eu podia comer, refrigerantes na mesa só diet, aprendeu a fazer os exames, calibrar os aparelhos, perceber hipoglicemias galopantes e me socorrer sem me internar..eu me sinto muito segura quando ele esta ao meu lado!!!!

Sempre tive uma boa relação com o diabetes, claro que com altos e baixos mas me considero uma diabética responsável. Sonhei com a maternidade e pensar sobre ela foi pesar prós e contra, minha irmã havia falecido dois anos antes de meu casamento e na possibilidade de eu engravidar, meus pais pediram que eu evitasse mais uma perda na família (eu ou um bebe). Meu histórico familiar de problemas renais e abortos (duas primas diabéticas os tiveram no primeiro e terceiro  trimestre) também não cooperava, desta forma, fui orientada por médicos à não engravidar  para que meu organismo não fosse forçado ao seu limite máximo. E ainda digo: Eu não conseguiria suportar o estresse de passar por uma gravidez de risco (9 meses de expectativa) e possivelmente passar por um aborto durante este período...

Os cinco itens que pesei foram:
1-    Eu não passaria 9 meses sob cuidados extremos ;
2-    Não teria o risco de aborto os primeiros meses ou pré termo..(7,8 ou 9o mês);
3-     Não teria que voltar a minha antiga forma, até mesmo para poder regular a diabetes com o acerto do peso;
4-     Teria que suspender meus medicamentos para artrite reumatoide ( que também tenho, afinal é mais uma doença auto imune que caminha lado a lado com a diabetes);
5-     O melhor de todos..... Escolhi o sexo das minhas bebes!!! Pensei sempre que minha vida tinha que se basear na POLLIANA ( veja o lado positivo de tudo e pare de chorar!!!!)

Nota de Rodapé: Polliana é um livro indicado para adolescentes sobre uma menina órfã que foi morar com uma tia muito brava, mas que sempre via o lado positivo de tudo que ocorria na vida dela e dos outros em volta.

Eu e meu marido conversamos muito e decidimos ser “pais de coração”, eu percebi não seria menos mãe por não gestar, mais confesso que foi difícil saber que eu não geraria, que não teria um filho com nossas características físicas... Fui amadurecendo a idéia e parti para luta da adoção, foi realmente uma batalha, um mês após o casamento entrei com os papeis, mas só para o cadastro levei um ano....e dois anos e meio depois nós recebemos duas irmãs lindas.

Uma tinha 6 meses a outra 3 anos, foi uma loucura maravilhosa. Elas sabem de tudo desde o princípio pois como a mais velha estava com 3 anos, ela tinha memória e história da vida anterior a adoção e  achamos melhor ir narrando nossa procura por elas de uma forma muito suave e gostosa pra que elas pudessem ter orgulho de quem são.

Vitória (13 anos), Clara (10 anos) Luciana e Marcelo (seu esposo)

Dizemos à elas que são mais amadas por que foram escolhidas e é isso que dizem na escola e aos amigos quando são questionadas e olha que as crianças perguntam detalhes a elas constantemente.

Aniversário da Clara
Infelizmente no mesmo período da adoção eu tive HEPATITE MEDICAMENTOSA pelo medicamento para artrite reumatoide Arava e fiquei 40 dias internada com risco de transplante de fígado. Fui obrigada a interromper meu trabalho por dois anos, tentei retornar depois mas como tive três pneumonias não pude mais me expor em ambientes hospitalares pois minha resistência estava muito baixa.

Valeu muito esse período de parada profissional porque pude acompanhar o crescimento das meninas (que estão atualmente com 13 e 10 anos), me sinto realizada como mãe e sei que já posso deixá-las caminhar sobre seus pezinhos mas ainda sob minhas vistas...(mãe e mãe, né??) 
Marcelo e as meninas

Há pouco tempo criei o blog Diabetes Sem Neuras, fui incentivada pelo meu marido, que percebeu que eu poderia ajudar muita gente contando sobre minha vida e dividindo meus conhecimentos de forma a esclarecer e mostrar que somos felizes apesar dos pesares.


Fui em frente e iniciei o curso em setembro do ano passado, infelizmente não estou podendo postar no Blog tanto quanto gostaria, mas após a conclusão  das provas finais e entrega do TCC,  estarei mais ativa na promoção do BLOG.

Espero que minha história motive vocês (futuras mamães de coração ou de barriga) a primeiramente pensar em vocês como as responsáveis pela criação dos pequeninos que colocamos no mundo e isso vincula a necessidade de estarmos 100% física e mentalmente para esse trabalho dificil e muito prazeroso!!!!

Vitória (13 anos), Clara (10 anos) Luciana e Marcelo (seu esposo)


Sejam muito felizes apesar dos pesares......
Beijos doces.

Luciana Durazzo
http://diabetessemneuras.blogspot.com.br/

3 comentários:

  1. Linda história. Já conversei com a Luciana outro dia! Lindas suas filhas. Parabéns!!!!
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    Respostas


    1. Sheila, gostaria que minha história servisse de incentivo para a adoção, não só por diabéticas mas por qualquer casal com ou sem problemas em gestar. 
      É uma emoção tão grande quanto o momento de um parto, porém você sabe o bem que você está se propondo a fazer para melhorar a vida de alguém que ora não faz parte da sua vida. É uma delicia aprender a amar uma "pessoinha" tão especial que está entrando na sua casa. Sou uma mãe muito feliz....

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  2. Bela história, um exemplo! Q Deus continue derramando da sua imensa graça na vida de vcs e que vc tenha sempre coragem e força para ser exemplo para nós!!!
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